MARCI MACHADO
25 ANOS DE ARTE
O CÓDIGO DA ARTE
A VERDADEIRA ESSÊNCIA
DE UM ARTISTA
Um desenvolvimento pleno e
verdadeiramente excepcional pela qualidade e pela particularidade estética que
se encontram nas inclinações espontâneas no espírito artístico.
Trata-se de pintura de vilas,
jardins, bosques, paisagens, retratos, marinha...
Resta documentação deste trabalho
em particular simpatia temática e de uma sensibilidade pictória rica de
recursos e atrativos.
A abordagem teórica no mais
recente trabalho objetiva dar ênfase ao conhecimento de maior amplitude do meu
trabalho junto ao público, uma maior fundamentação da minha arte, da
potencialidade expressiva dos aspectos inerentes a filosofia da arte, a
psicologia e a história da arte. E, principalmente, a espiritualidade da arte. Assim
sendo, alcançando o supremo vértice no mais alto grau de idealização e
realização.
Se a vida não pode se resolver na
arte, deve, portanto, a arte a se encontrar e resolver-se nela. A relação
inerente entre a arte e a vida é o foco central dessa exposição ou desse
trabalho, que visa despertar consciência cultural e as relações da arte na
sociedade. Constando a disponibilidade de eliminar o casual e atingir o
absoluto. A identidade entre o mundo externo e interno, que comporta as suas
conseqüências ainda mais decisivas, possibilitando identificar o individual com
o universal, do infinito com o finito, numa totalidade como num grande complexo
cósmico. A essência com existência. A poética se torna o ato resolutivo dos
próprios valores da existência.
“Esse alargamento potencial do
conceito de arte forma uma totalidade, um todo único, com a consciência da
autonomia expressiva da arte e da emancipação do tradicional conceito de
limitação”.
As premissas fortemente
intelectuais de origem expressionista idealista de raiz germânica vieram a ser
na minha arte substanciada com valores ainda mais ligados a visão
impressionista. A cor permanece, o meio expressivo fundamental, sobretudo, vale
por si mesmo, pela rica e requinta emoção que pode comunicar a visão psicológica
do estado de alma. Com efeito, vale a
seguinte afirmativa:
“A cada estado de nossa
sensibilidade corresponde uma harmonia objetiva, capaz de traduzi-lo. As
sensações ou os estados de ânimo suscitados por um espetáculo óptico qualquer
provocam na representação do artista sinais, signos ou equivalentes pictóricos
que são capazes de produzir essas sensações e esses estados de ânimo, sem que
seja necessário copiar o espetáculo óptico inicial”.
É necessário, naturalmente, considerar
a graduação de todo processo histórico da arte para maior compreensão da minha
arte a nível estilístico e de ordem conteudística. Mas é, sobretudo, importante
compreender as premissas e as diferenças de cultura francesa, em cujo âmbito
tem seguida evolução dessas ideias em relação às culturas germânicas e
nórdicas, onde se deve procurar a primitiva origem dos primeiros anos do século
XIX.
Com efeito, só no âmbito da
cultura figurativa francesa impressionista e pós-impressionista a linguagem pictórica
se encontrava num estágio tão evoluído, tão emancipado da tradição. Que pudesse
concretamente assumir aquelas enunciações de princípios; mas em contato com tal
tipo de linguagem, esses princípios fugiram muito do seu impulso original para
a abstração e vieram a fazer corpo com a viva experiência em ação de uma
pintura apenas iluminada pelo impressionismo. Um amor mediterrâneo pela
natureza e uma sensibilidade requintada e tactilmente adesiva a suas doces
nuances permanecem no círculo dessa civilização, condicionantes para cada
elaboração interior do sentimento e da psicologia, como o sprint definesse, (que é um aspecto interior e rarefeito dessa
saborosa sensibilidade), para cada impulso do próprio intelecto racionalizante.
No fundo, todos os desenvolvimentos da vanguarda parisiense, dos fauvistas aos
cubistas, inclusive os informais de fautrie, ficaram fiéis a essa linha de
civilização francesa.
Por todo o decorrer do século XIX,
uma eficiência cultura pictórica de movimentos decisivos para a emancipação da linguagem,
como foi na frança o impressionismo.
O impressionismo-expressionismo
de ampla vinculação é de importância central na minha arte: a ponto de assumir
um caráter universal, para além de toda tendência étnica e cultural das
civilizações particulares, e de sugerir fecundas aberturas sobre os
desenvolvimentos da arte.
Com efeito, de fato meus quadros
estão acordes com o espírito do século das luzes (século XIX), são
magnificamente lângidos e como extenuados de recôndita paixão e amor profundo a
arte e a natureza.
Os meus quadros ainda apontam
argumentos sentimentais qualificados e circunstanciados, por uma nota de
humanidade mais próxima, e, ainda não é humildemente cotidiana, em todo caso
aparece despojado de qualquer amplificação de imaginação “sobrenatural” e,
sobretudo de qualquer dilatação de tom épico ou heróico, sobretudo, favorece o
pontuoso amadurecimento de instituições simples e colossais, diante das quais a
melhor crítica contemporânea, mais intoxicada culturalmente por princípios programáticos
e de gosto, frequentemente se verá imponente, quando não as condena de
disfarçada irritação.
Minha responsabilidade deve ter
sido tão inexplicável quanto agora se manifesta eloquente produtora de uma
verdade elementar, profunda e regeneradora, para a sedimentação dos mais
avançados e progressivos ideais poéticos.
De certa forma minha arte opera, na
história da pintura, a conversão dos valores tradicionais da arte num
patrimônio humano que é reconquista do presente, crítica social, liberdade,
inquietação moral e, ao mesmo tempo, revolta quanto ideias “superiores”
passivamente herdados hipocritamente definidos.
Aquilo que me sustentava na minha
silenciosa e discreta fidelidade a uma dimensão visual humana e experimentar
exasperava como só acontece aos tímidos provincianos deslocados, e aos
temperamentos puros. “É preciso envelhecer a arte! Há muito tempo que os
pintores meus contemporâneos, fazem arte preconcebida e segundo cartões”.
Restituindo a arte função viva.
“Se não apenas pintor, mas um homem, fazer arte viva, esse é meu objetivo”. E, participando
do contexto humano da minha época.
Recuperar o segredo daquela
conotação ética vibrante em tantos exemplos de arte antiga, religiosa ou de
mais alto empenho moral.
Esse aspecto social da minha obra
e arte, cuja discussão se processa de modo adequado poderia levar muito longe,
traz atualmente o risco de passar para o segundo plano, a compreensão de inteligência
especificamente pictórica. Nesse ponto aparece entre os mais pesquisadores e
estudiosos dos segredos da pintura, numa direção comum a poetas e artistas
muito mais modernos.
Na intenção de pintar o que é
subjetivo na arte, libero a forma de toda superestrutura o ativo sintético de
ordem linguística tradicional e procura vitalidade da imagem na identificação
da matéria pictórica com a vitalidade da matéria natural.
Meu pincel entende de terra e de relva,
onde antigamente a tradição entendia o claro-escuro, a densa sombra mais úmida
e filtrante.
Minha pintura é um tanto sombria
às vezes fosca e sua modelação grandiosa e forte. Uma simplicidade antiga
recupera gradativamente a confiança do artista moderno e reconduz a experiência
de ofício, quase interiorana, constituindo uma premissa necessária de verdade e
certeza de onde partir para novas conquistas legitimam toda arte vindoura, de
que como inelimináveis, solentes e profundas paisagens morais, e constitui para
sempre o pano de fundo.
Marci Machado
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