quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O código da arte: a verdadeira essência de um artista

MARCI MACHADO 
25 ANOS DE ARTE
O CÓDIGO DA ARTE
A VERDADEIRA ESSÊNCIA DE UM ARTISTA  

Um desenvolvimento pleno e verdadeiramente excepcional pela qualidade e pela particularidade estética que se encontram nas inclinações espontâneas no espírito artístico.

Trata-se de pintura de vilas, jardins, bosques, paisagens, retratos, marinha...

Resta documentação deste trabalho em particular simpatia temática e de uma sensibilidade pictória rica de recursos e atrativos.

A abordagem teórica no mais recente trabalho objetiva dar ênfase ao conhecimento de maior amplitude do meu trabalho junto ao público, uma maior fundamentação da minha arte, da potencialidade expressiva dos aspectos inerentes a filosofia da arte, a psicologia e a história da arte. E, principalmente, a espiritualidade da arte. Assim sendo, alcançando o supremo vértice no mais alto grau de idealização e realização.

Se a vida não pode se resolver na arte, deve, portanto, a arte a se encontrar e resolver-se nela. A relação inerente entre a arte e a vida é o foco central dessa exposição ou desse trabalho, que visa despertar consciência cultural e as relações da arte na sociedade. Constando a disponibilidade de eliminar o casual e atingir o absoluto. A identidade entre o mundo externo e interno, que comporta as suas conseqüências ainda mais decisivas, possibilitando identificar o individual com o universal, do infinito com o finito, numa totalidade como num grande complexo cósmico. A essência com existência. A poética se torna o ato resolutivo dos próprios valores da existência.

“Esse alargamento potencial do conceito de arte forma uma totalidade, um todo único, com a consciência da autonomia expressiva da arte e da emancipação do tradicional conceito de limitação”.

As premissas fortemente intelectuais de origem expressionista idealista de raiz germânica vieram a ser na minha arte substanciada com valores ainda mais ligados a visão impressionista. A cor permanece, o meio expressivo fundamental, sobretudo, vale por si mesmo, pela rica e requinta emoção que pode comunicar a visão psicológica do estado de alma.  Com efeito, vale a seguinte afirmativa:
“A cada estado de nossa sensibilidade corresponde uma harmonia objetiva, capaz de traduzi-lo. As sensações ou os estados de ânimo suscitados por um espetáculo óptico qualquer provocam na representação do artista sinais, signos ou equivalentes pictóricos que são capazes de produzir essas sensações e esses estados de ânimo, sem que seja necessário copiar o espetáculo óptico inicial”.

É necessário, naturalmente, considerar a graduação de todo processo histórico da arte para maior compreensão da minha arte a nível estilístico e de ordem conteudística. Mas é, sobretudo, importante compreender as premissas e as diferenças de cultura francesa, em cujo âmbito tem seguida evolução dessas ideias em relação às culturas germânicas e nórdicas, onde se deve procurar a primitiva origem dos primeiros anos do século XIX.

Com efeito, só no âmbito da cultura figurativa francesa impressionista e pós-impressionista a linguagem pictórica se encontrava num estágio tão evoluído, tão emancipado da tradição. Que pudesse concretamente assumir aquelas enunciações de princípios; mas em contato com tal tipo de linguagem, esses princípios fugiram muito do seu impulso original para a abstração e vieram a fazer corpo com a viva experiência em ação de uma pintura apenas iluminada pelo impressionismo. Um amor mediterrâneo pela natureza e uma sensibilidade requintada e tactilmente adesiva a suas doces nuances permanecem no círculo dessa civilização, condicionantes para cada elaboração interior do sentimento e da psicologia, como o sprint definesse, (que é um aspecto interior e rarefeito dessa saborosa sensibilidade), para cada impulso do próprio intelecto racionalizante. No fundo, todos os desenvolvimentos da vanguarda parisiense, dos fauvistas aos cubistas, inclusive os informais de fautrie, ficaram fiéis a essa linha de civilização francesa.

Por todo o decorrer do século XIX, uma eficiência cultura pictórica de movimentos decisivos para a emancipação da linguagem, como foi na frança o impressionismo.

O impressionismo-expressionismo de ampla vinculação é de importância central na minha arte: a ponto de assumir um caráter universal, para além de toda tendência étnica e cultural das civilizações particulares, e de sugerir fecundas aberturas sobre os desenvolvimentos da arte.

Com efeito, de fato meus quadros estão acordes com o espírito do século das luzes (século XIX), são magnificamente lângidos e como extenuados de recôndita paixão e amor profundo a arte e a natureza.

Os meus quadros ainda apontam argumentos sentimentais qualificados e circunstanciados, por uma nota de humanidade mais próxima, e, ainda não é humildemente cotidiana, em todo caso aparece despojado de qualquer amplificação de imaginação “sobrenatural” e, sobretudo de qualquer dilatação de tom épico ou heróico, sobretudo, favorece o pontuoso amadurecimento de instituições simples e colossais, diante das quais a melhor crítica contemporânea, mais intoxicada culturalmente por princípios programáticos e de gosto, frequentemente se verá imponente, quando não as condena de disfarçada irritação.

Minha responsabilidade deve ter sido tão inexplicável quanto agora se manifesta eloquente produtora de uma verdade elementar, profunda e regeneradora, para a sedimentação dos mais avançados e progressivos ideais poéticos.

De certa forma minha arte opera, na história da pintura, a conversão dos valores tradicionais da arte num patrimônio humano que é reconquista do presente, crítica social, liberdade, inquietação moral e, ao mesmo tempo, revolta quanto ideias “superiores” passivamente herdados hipocritamente definidos.

Aquilo que me sustentava na minha silenciosa e discreta fidelidade a uma dimensão visual humana e experimentar exasperava como só acontece aos tímidos provincianos deslocados, e aos temperamentos puros. “É preciso envelhecer a arte! Há muito tempo que os pintores meus contemporâneos, fazem arte preconcebida e segundo cartões”.

Restituindo a arte função viva. “Se não apenas pintor, mas um homem, fazer arte viva, esse é meu objetivo”. E, participando do contexto humano da minha época.
Recuperar o segredo daquela conotação ética vibrante em tantos exemplos de arte antiga, religiosa ou de mais alto empenho moral.

Esse aspecto social da minha obra e arte, cuja discussão se processa de modo adequado poderia levar muito longe, traz atualmente o risco de passar para o segundo plano, a compreensão de inteligência especificamente pictórica. Nesse ponto aparece entre os mais pesquisadores e estudiosos dos segredos da pintura, numa direção comum a poetas e artistas muito mais modernos.

Na intenção de pintar o que é subjetivo na arte, libero a forma de toda superestrutura o ativo sintético de ordem linguística tradicional e procura vitalidade da imagem na identificação da matéria pictórica com a vitalidade da matéria natural.

Meu pincel entende de terra e de relva, onde antigamente a tradição entendia o claro-escuro, a densa sombra mais úmida e filtrante.

Minha pintura é um tanto sombria às vezes fosca e sua modelação grandiosa e forte. Uma simplicidade antiga recupera gradativamente a confiança do artista moderno e reconduz a experiência de ofício, quase interiorana, constituindo uma premissa necessária de verdade e certeza de onde partir para novas conquistas legitimam toda arte vindoura, de que como inelimináveis, solentes e profundas paisagens morais, e constitui para sempre o pano de fundo.

Marci Machado

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